Viagem de inverno 1928-1929

Descrição da minha

viagem

a França

no inverno de 1927-1928

“Bastante por alto”

Lisboa, 20 de Março de 1929

Carlos Abecassis Seruya

Introdução

O fim da nossa viagem a França era ir passar as férias de Natal a Superbagnères, uma montanha, para fazer sports de inverno: patinar e ski. Partimos e aqui descrevo esse agradável tempo passado nos Pirinéus.

“A Viagem”

Partimos no dia 20 de Dezembro de 1928 à uma hora no Sud-Express para ir passar as fárias do Natal a Suparbagnères nos Pirenéus franceses.

No dia 21 às 10 horas chegávamos a Hendaya com a Girlie com quem almoçámos no Hotel de Inglaterra. Que esquisito encontrar-me em França naquela época do ano! À tarde deixámos a Girlie em Montréjeau e tomámos aí o comboio para Luchon onde chegámos às 8,30 da noite.

Fomos para o Hotel de La Poste e jantámos. À noite fomos a um sapateiro comprar botacas para andar na neve.

No dia seguinte só subimos à montanha depois do almoço do meio-dia porque estivemos a arranjar a roupa.

Que maravilha! Tudo branco! Tive uma lição de patinar que não correu mal. Às sete voltámos para baixo e no dia seguinte começou para nós dois a vida de sportsmen.

Eu e o Víctor subíamos todos os dias às dez da manhã no funicular.

Das 11 à uma hora patinávamos e depois almoçávamos no restaurante. À tarde fazíamos ski e luge.

Um dia chegou o Conde da Lousã; o Pai falou-lhe, mas não nos demos durante a estada lá.

Entretanto fizemos amigos no Hotel de la Poste. O Dr. Clappier sua mulher e filhos, de Limoges. Muito simpáticos. Por intermédio destes conhecemos uns ingleses, Tucker, bastante excêntricos e ordinários. Eu brincava imenso com o mais novo e o Víctor dava passeios de ski com o pai e o filho mais velho. Jogávamos hockey no gelo; enfim, eram bons companheiros de sport. Uma vez que joguei hockey sem luvas vi-me aflito com dores nas mãos.

Em Luchon à noite comprámos dois potezinhos de nata, quando voltávamos de Superbagnères. Púnhamos os potes na janela durante a noite e de manhã saboreávamos a nata gelada e dura. Era ótimo.

Enfim no dia 1 arranjámos quartos no hotel de Superbagnères e adorámos lá estar os últimos quatro dias de férias. Houve uma trovoada enorme de neve que chegou à altura , em alguns sítios, de 1,40 metros.

No dia da partida levantámo-nos às 5,20 am. A lua ainda não tinha desaparecido. Arranjámos tudo e fomos esperar pelo funicular no hall envidraçado do hotel. À medida que o sol ia nascendo o recorte das montanhas brancas de neve ia-se acentuando cada vez mais no céu. Era lindíssimo.

Às 7 am. descemos no funicular e fomos almoçar ao Hotel de la Poste. Luchon estava cheio de neve. Às nove partimos para Montréjeau num hotchkiss por não haver comunicação de caminhos de ferro. Os campos e as casas e árvores cobertas de neve era lindo! Tomámos o comboio para Bayone às 11,30. Fomos a casa do Sr. Salzedo mas não estava. Quando souce que tínhamos passado por lá deve ter tido um grande desgosto.

Partimos para S. Jean de Luz onde esperámos o Sud-Express. Entretanto jantámos no Hotel Moderne e depois fomos ver o casino novo. Às 9,45 tomámos o Sud para Lisboa onde chegámos Domingo, dia 6 à noitinha.