Sepultura de Salomon Seruya (pai de Mark Seruya)
Carlos Seruya no seu Caderno de Notas, Observações, etc., a páginas 89,90:
Domingo – 17 de Março de 1985.
Victor e eu, acompanhados do Rabino Abraão Assor, e por minha iniciativa, fomos pela primeira vez visitar o antigo Cemitério Israelita de Lisboa, que fica num terreno entalado entre a casa do padre da Igreja Inglesa e o edifício do Royal British Club, na Rua da Estrela. Já há anos que tencionava fazê-lo, mas só hoje o realizei. Estava uma manhã de sol e levei a minha “Pentax” para recordar. O propósito era ver a pedra do túmulo, quero dizer sepultura, do nosso bisavô Salomon Seruya, o primeiro Seruya que viveu e morreu em Portugal. E lá o encontrámos, do lado esquerdo quando se entra, junto ao muro. É de todos o mais bem conservado, no conjunto muito degradado e o que tem mais dizeres em hebraico, que cobrem toda a pedra. O Rabino Assor começou logo a tradução, mas ficou combinado dar-nos a tradução completa a partir das fotos que fiz com a minha lente grande angular, com o cuidado possível. O Assor achou que a prosa em hebraico era invulgarmente bonita e extensa, o que provava que Salomão Seruya tinha sido um homem de muito prestígio pela sua bondade e acções na vida, um verdadeiro “justo”.
Aqui fica a tradução do texto hebraico da pedra do Bisavô, tal e qual a reproduziu o Abraão Assor e que tem grandes imperfeições que poderão ser “embelezadas” para melhor linguagem:
Dor a dores que a Chelomon (Salomão)
Este pranto que chora toda a sua família
Nunca se esquecerá a sua separação
Amargura exclamará a sua perda
Seus pais (?) não poderão mais vê-lo
D us omnipotente e piedoso
Se compadeça da sua alma
Seja a sua recompensa completa
Sua recompensa e com ele e a sua alma
Pedra sepulcral
Homem de confiança, perfeito e recto
Temeroso de Deua, afastado de todo o mal
Trabalhador incansável para as instituições filantrópicas
Da cidade santa de Tiberíades (Israel)
Inteligente e respeitável
Chelomo Seruya que no Paraíso descanse
No dia 11 de Ab foi o seu descanso
Sua alma descanse em paz
5626
(11 Ab 5626 = 23 Julho 1866)
O Assor faz corresponder o ano de 5626 ao ano de 1866, o que está certo, fazendo a seguinte conta:
5745 – 5626 = 119 corresponde a 1985 – 119 = 1866
O José Maria Abecassis resolve o problema assim:
5626 + 240 = 866 (três últimos dígitos) + 1000 = 1866
Também o Assor traduziu a data, dia e mês,
como sendo 11 de Ab, mas no meu livro de orações de Kipur,
do Bisavô, e que herdei da nossa querida Tia Júlia,
tendo pertencido ao nosso Avô Mark Seruya, este lá escreveu
no princípio do livro a data de falecimento do seu Pai como
sendo 10 de Ab e não 11. Sendo este o mais verdadeiro,
e confirmado pelo José Maria em face dos registos da Sinagoga,
a data da morte do Bisavô Salomão Seruya, o primeiro Seruya
a instalar-se em Portugal, foi o dia 22 de Julho de 1866,
que no calendário hebraico é o 10 de Ab de 5626.